Por Kate Kelland
LONDRES (Reuters) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta sexta-feira que projetos-piloto testem duas formas experimentais de acabar com o mosquito que transmite o Zika vírus, entre elas o uso de insetos geneticamente modificados e um tipo de bactéria que impede que seu ovos amadureçam.
O Zika vírus, que está se espalhando pelas Américas, é transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, que a agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU) descreveu como uma "ameaça oportunista e tenaz".
Encontrar a maneira mais eficaz de controlar este mosquito seria um grande reforço na luta contra a doença, afirmou a OMS em um comunicado.
Depois de convocar uma reunião de seu Grupo de Aconselhamento de Controle de Vetores (VCAG, na sigla em inglês) nesta semana, a OMS disse que seus especialistas analisaram cinco ferramentas em potencial contra o Aedes.
Três – incluindo técnicas de esterilização de insetos, armadilhas de vetores e isca de açúcar tóxico para atrair e matar os mosquitos – ainda são experimentais demais para serem cogitadas em projetos-piloto de larga escala, disse a OMS.
Mas duas outras – soltar mosquitos com a bactéria Wolbachia e usar mosquitos machos geneticamente modificados, ou transgênicos, para suprimir a população de insetos – "justificam uma aplicação piloto de tempo determinado, acompanhadas de monitoramento e avaliação rigorosos".
No dia 1o de fevereiro a OMS declarou o surto de Zika uma emergência de saúde pública mundial devido à sua associação com a suspeita de casos de microcefalia, uma má-formação cerebral em bebês, no Brasil.
As autoridades brasileiras disseram acreditar que a maioria dos casos de microcefalia tem relação com o Zika, embora a ligação entre o vírus e a microcefalia ainda não tenha sido comprovada cientificamente.
Nesta sexta-feira o Brasil afirmou que o número de casos confirmados e suspeitos de microcefalia no país associados ao Zika vírus subiu de 4.976 na semana passada para 5.131. Destes, a quantidade de casos confirmados foi de 745 para 863 desde a semana anterior.
Os mosquitos transgênicos desenvolvidos pela farmacêutica britânica Oxitec são geneticamente modificados para que seus filhotes morram antes de chegarem à fase adulta e se reproduzirem. A bactéria Wolbachia, que não contamina humanos, faz com que os ovos dos mosquitos fêmeas que se acasalam com machos infectados não amadureçam, e tem se mostrado eficaz na redução da transmissão da dengue.